Comerciante que matou sobrinha tem prisão preventiva decretada

Familiares foram ouvidos ontem e apresentaram a arma do crime: uma faca de cozinha. Corpo de empresária foi enterrado ontem

Bruno Wendel e Gil Santos (mais@correio24horas.com.br)

Sílvia (à esq) e Luciana (direita) foram atacadas  pelo tio; Luciana foi sepultada ontem (Foto: Reprodução/Facebook)

A Justiça decretou, na manhã da quarta-feira (3), a prisão preventiva do comerciante Marco Antônio Teixeira Costa, que matou a facadas a sobrinha, a estudante de Contabilidade Luciana Augusta Teixeira Lustosa Machado, 34 anos, e feriu a irmã dela, a nutricionista Silvia Augusta Teixeira Lustosa, 31, em Vilas do Atlântico, na noite de segunda-feira.  

A decisão foi da Vara do Júri e Execuções Penais da Comarca de Lauro de Freitas. O delegado titular da 23ª Delegacia (Lauro de Freitas), Joelson Reis, ouviu ontem a mãe das vítimas, Cristina Seixas, e os PMs que atenderam o chamado na casa onde o crime aconteceu, na rua Praia do Arpoador.  

“Eles apresentaram a arma do crime: uma pequena faca de cozinha”, disse o delegado. O corpo de Luciana foi sepultado ontem à tarde, no cemitério Jardim da Saudade, depois de o marido dela, Fábio Machado, chegar dos Estados Unidos, onde o casal morava.

Silvia, que havia sido internada no Hospital São Rafael, recebeu alta e também pôde comparecer ao sepultamento. O crime aconteceu depois de Marco Antônio desconfiar que a pensão de R$ 14 mil da mãe, Mariah Teixeira dos Santos, 78, era mal administrada por Luciana que, segundo a polícia, apesar de morar nos Estados Unidos, era a procuradora constituída para administrar a pensão da avó.

A família estava reunida para discutir a administração da pensão que dona Mariah recebe do marido, auditor fiscal falecido. Ela, que sofre de câncer de pulmão,  vive acamada, sob cuidados médicos (home care), na casa onde o crime ocorreu. 

Segundo o delegado, a mãe das vítimas confirmou a versão apresentada na terça-feira  pelo marido de Silvia, o advogado Luís Fábio Fernandes Santana, 42. “Ela disse que Silvia estava à frente na administração da pensão da avó, que Marco Antônio provocou a discussão e depois aplicou os golpes”, contou o delegado. Outra pessoa que também foi ouvida ontem foi o padrasto das irmãs. 

Silvia chora durante o enterro da irmã Luciana, amparada pelo marido(Foto: Robson Mendes)

“O interrogatório dele não teve muito o que acrescentar à história”, disse. Ao ver as duas irmãs sendo esfaqueadas, Luís Fábio reagiu e arremessou uma cadeira em Marco Antônio, que sofreu traumatismo craniano e está internado no Hospital Salvador (e não no Hospital Evangélico, como a polícia havia informado na terça-feira).

Seu estado de saúde não foi divulgado. O delegado Joelson Reis aguarda sua recuperação para interrogá-lo. Ele, no entanto, já está sob custódia.

Até amanhã, o delegado pretende ouvir ainda os outros dois filhos de Mariah, Marilene e Marivaldo, que, apesar de convocados, não compareceram à reunião familiar que terminou em tragédia. “Precisamos saber por que eles não foram à casa de Mariah. Até sexta, acredito que já tenhamos ouvido os dois”, explicou o delegado que acredita que até o início da semana terá concluído o caso.

Sepultamento

Ontem, amigos e familiares de Luciana foram ao cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, para dar o último adeus à estudante de Contabilidade. A mãe dela precisou ser amparada por amigos e acompanhou o cortejo em um carrinho.

Segundo um dos familiares, que pediu para não ser identificado, as filhas de Luciana, duas meninas, de 8 e 4 anos, não sabiam da morte da mãe até a tarde de ontem. A irmã, Silvia, ainda carregava no pulso a pulseira com a identificação do hospital.

Marco Antonio, familiares e a sobrinha Sílvia (de rosa)(Foto: Reprodução)

Ela lançou flores brancas e amarelas sobre o caixão da irmã, no fim da cerimônia. O marido de Luciana, Fábio Machado, foi um dos mais emocionados. “Minha mulher se foi”, afirmou enquanto observava o sepultamento.

Versão

Em depoimento na 23ª DP, na terça-feira, o marido de Silvia, Luís Fábio, disse que há dois meses uma briga surgiu porque Marco Antônio e outros familiares estariam insatisfeitos com a gestão do dinheiro, chegando até a acusar uma das irmãs de desvio dos valores.

Para acabar com as suspeitas, a família definiu uma reunião, na noite de segunda, no quarto de Mariah. No encontro, Silvia prestaria contas sobre a aplicação do dinheiro. Ainda de acordo com Luís Fábio, foram convocados  Marco Antônio, Luciana, Mariah e outros dois filhos da aposentada: Marivaldo e Marilene.

Fábio informou que, caso ficasse comprovada a má administração da quantia, um novo representante seria escolhido pela aposentada. Porém Marivaldo e Marilene não compareceram, e Mariah estava medicada e acabou dormindo.

Por causa disso, foi sugerida a escolha de uma nova data para a prestação de contas. Luís Fábio disse que, após o adiamento da reunião, Marco Antônio teria ficado enfurecido, iniciando uma discussão com ele e as sobrinhas, que culminou com as facadas.