Oscar Valporto (oscar.valporto@redebahia.com.br)
O Banco do Brasil retomou seu patrocínio à Confederação Brasileira de Voleibol, que havia sido suspenso mês passado após denúncia de irregularidades: a CBV, na gestão anterior, contratou empresas de ex-dirigentes, que não teriam prestado os serviços contratados. Enquanto a denúncia vai sendo investigada, a retomada da parceria é uma excelente notícia para o esporte brasileiro: 19 das 20 medalhas olímpicas conquistadas pelo vôlei - nas quadras e na praia - vieram depois do estabelecimento da parceria 24 anos atrás, ainda quando Carlos Arthur Nuzman, hoje presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, dirigia a CBV. O Banco do Brasil também teve ganhos: o patrocínio ajudou o banco na estratégia de renovação de sua imagem, desenvolvida no fim da década passada. O voleibol aproveitou ao máximo essa parceria, formando gerações de campeões: o Brasil tem títulos mundiais sub17, sub19, sub21 - tanto na quadra como na praia. Os desvios devem ser apurados e punidos, mas o esporte não podia ser prejudicado. A CBV fez bem em acolher as medidas determiandas pelo BB e pela Controladoria Geral da União para dar mais transparência a gastos e contratos.
Essa parceria serviu de exemplo para outras estatais - algumas empurradas pelo governo - patrocinarem o esporte. A Caixa tem antiga parceria com o atletismo e agora patrocina também a ginástica. Os Correios apoiam a natação e os esportes aquáticos. A Petrobras tem parceria com o handebol, a Infraero com o judô. A Eletrobras patrocinou o basquete, que agora tem parceria com o Bradesco. Naturalmente, como empresas, as estatais têm interesse na visibilidade do esporte e seu foco é no alto rendimento. Os governos - o federal, mas também estaduais e municipais - precisam dar real prioridade ao esporte - massificando a atividade esportiva nas escolas, caminho para formar uma juventude mais saudável e solidária e também para descobrir talentos e gerar muitos campeões. Com contagem regrssiva: faltam 558 dias para os Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Bola dentro
A presidente Dilma fez um gol ao vetar o texto da Medida Provisória aprovada pelo Congresso que previa o refinanciamento de débitos federais dos clubes, sem qualquer contrapartida; de acordo com nota do governo, sem “medidas indispensáveis que assegurem a responsabilidade fiscal dos clubes e entidades, a transparência e o aprimoramento de sua gestão, bem como a efetividade dos direitos dos atletas”. O veto ao texto - articulado pela bancada da bola, ligada à CBF e aos clubes, no Congresso - faz o jogo voltar ao 0x0. O governo afirma querer negociar uma alternativa para modernizar o futebol e sua gestão. O movimento Bom Senso F.C. comemorou o veto e o retorno ao diálogo. É possível achar um caminho para ajudar os clubes, mas que garanta transparência e também punições para quem descumpra a nova legislação.
Onde os fracos não têm vez
Futebol no Nordeste é para os fortes. Esta semana foi decretada situação de emergência no Albertão, em Teresina, estádio onde River e Piauí devem disputar seus jogos pela Copa do Nordeste: o objetivo é facilitar a reforma emergencial de banheiros e vestiários, além de limpeza, capina do gramado e remoção de entulhos. A obra inclui a recuperação do sistema de iluminação, pois todos os cabos e parte das lâmpadas foram roubadas. O governo garante que, apesar da obra, River e Piauí vão poder jogar no estádio. Vamos ver se a CBF e os organizadores da Copa do Nordeste concordam.
Agenda
Hoje, a Copa Africana de Nações decide quem vai às quartas de final; sexta e sábado, saem os semifinalistas. É futebol de qualidade: dois terços dos jogadores atuam em times europeus. Na terça, começa o hexagonal decisivo do Sul-Americano sub20. A seleção brasileira, classificado, tem tidos altos e baixos, mas os adversários também. E, quarta-feira, Atlético de Madri e Barcelona voltam a se enfrentar valendo a vaga na semifinal da Copa do Rei da Espanha.
Oscar Valporto é editor executivo e escreve às quartas-feiras e domingos
Nenhum comentário:
Postar um comentário