Arremessos de bacia são constantes desde 2013 e vem aterrorizando quem se arrisca a assistir a um jogo de futebol nos maiores estádios da capital pernambucana
Por Daniel Gomes
Recife

Não foi um acidente, estava previsto. A morte do torcedor Paulo Ricardo, atingido por um vaso sanitário ao deixar o estádio do Arruda, na última sexta-feira, foi mais um triste relato de uma história que já estava escrita. Em 2013, durante a final do Campeonato Pernambucano, torcedores do Santa Cruz depredaram os banheiros da Ilha do Retiro e atiraram vasos sanitários em direção aos jornalistas que estavam próximos da sala de imprensa do clube. Felizmente, a pontaria dos arruaceiros não estava calibrada. A partir dai, a “arma” virou preferência entre as organizadas.
Este ano, o problema voltou a ocorrer em mais um clássico entre Sport e Santa, em abril, pelo Pernambucano. Os banheiros da Ilha do Retiro ficaram danificados, além da baderna generalizada nos arredores do estádio.
No estádio do Arruda, a pratica também é constante. Neste ano, após o clássico da Copa do Nordeste, entre Santa Cruz e Sport, uma viatura policial foi alvo de um vaso arremessado pelos torcedores. Até então, o “tiro ao alvo” praticado pelas torcidas só tinha gerado danos matérias.
O técnico Sérgio Guedes, que atualmente treina o Santa Cruz, foi vitima da torcida do Sport, quando comandou a equipe, em 2013. Após perder o título estadual para o rival, o treinador teve seu carro acertado por uma barra de ferro atirada das arquibancadas da Ilha do Retiro.O objeto foi outro, mas a intenção era a mesma: atingir, da arquibancada, quem passasse nas cercanias dos estádios.
Torcedores danificam banheiros da Ilha do Retiro após clássico (Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press)
Violência no futebol pernambucano vai além dos "vasos voadores"
A primeira vez em que o futebol pernambucano vivenciou uma morte causada diretamente pelo futebol foi em 2001, quando, após uma briga entre as organizadas de Náutico e Santa Cruz, Daniel Ramos da Silva, de 17 anos, levou um tiro no peito e outro na cabeça. Desde então, o terror acompanha quem se arrisca a assistir a um jogo nos estádios.
Em 2012, em mais uma briga entre alvirrubros e rubro-negros, Caio César Silva Reis morreu atropelado por um ônibus enquanto fugia de uma briga. Outro caso chocante ocorreu um ano seguinte. Lucas Lyra teve sua cabeça alvejada por uma bala após uma confusão entre uniformizados, que estavam em um ônibus antes de um jogo entre Náutico e Central, pelo Pernambucano de 2013. O ferimento não tirou a vida do torcedor, mas tirou a sua independência. Até hoje torcedor habita em uma cama de hospital.
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