sábado, 21 de dezembro de 2013

Marrakech virou Munique

Por : Juca Kfouri
Não sei como foi na sua infância, se como na minha, que tinha a figura do dono da bola, que mandava no jogo, escolhia em que posição jogaria, fosse ruim ou bom. Pois o Bayern, que não era o dono do campo, fez as vezes do dono da bola e não deixou o Raja pegar nela. Logo aos 7 minutos, o zagueiro brasileiro Dante fez 1 a 0 e a aula começou. Catorze minutos depois, outro brasileiro, Thiago, o filho de Mazinho, fez 2 a 0, como se fosse linha de passe. Duro é ouvir Carlos Alberto Parreira dizer que o futebol brasileiro deve ser avaliado pela Seleção, não pelos clubes, porque a diferença de investimento em relação aos europeus é brutal. Parreira analisa as consequências sem observar as causas, tão bem reveladas, por exemplo, pelo Bom Senso FC. Além do mais, lembremos, piores que a derrota do Santos para o Barcelona foram as eliminações do Inter e do Galo para times africanos, muito menos ricos que os nossos. Mas o que os brasileiros foram incapazes de fazer os do Bayern faziam com os pés nas costas. Era outro treino, só que agora para o Campeonato Alemão ou para Liga dos Campeões da Europa. Mole, mole, fácil, fácil, extremamente fácil. Bem educados, os do Bayern até pareciam não querer magoar os anfitriões. E foram para o intervalo com freio de mão puxado, bola no bolso, só com 2 a 0 no placar e mais de 70% de posse. A única chance de gol do Raja nasceu de um erro fruto de desconcentração numa saída de bola alemã. Disposta a festejar a qualquer preço o segundo lugar no Mundial de clubes, a torcida marroquina, no segundo tempo, aplaudia um drible simples na intermediária da defesa do Raja como se fosse um gol no time de Pep Guardiola. Um desarme, então, era como se fossem dois gols. Era mesmo o que restava e estava de bom tamanho. Os bávaros olhavam para o relógio, medindo o tempo de pegar a taça e o avião de volta para Munique. A principal dificuldade do time africano era passar do meio de campo. Aos 11 minutos, não é que quase o Raja diminuiu numa cabeçada nascida de um contra-ataque? A resposta não tardou, no travessão marroquino. Mas dava até a impressão que, por puro cavalheirismo, o BM queria levar ao menos um gol do Raja. Por aqui por favor, primeiro o senhor, não faça cerimônia, fique à vontade, etc e tal, mas nem assim a meta europeia corria risco. Na verdade, o segundo tempo foi de uma chatice monumental, porque o resultado agradava aos dois. Aos 38, o Raja jogou em Munique a chance de diminuir e a cidade do Bayern festejou o título mundial de 2013.

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