domingo, 2 de março de 2014

Campbell acusa FA: 'Fosse branco, seria capitão por mais de dez anos'

Ex-jogador diz que Associação de Futebol da Inglaterra faz 'racismo institucionalizado' na seleção principal do país e também põe em questão a homofobia no meio Por GloboEsporte.com Londres, Inglaterra
Campbell em evento de 150 anos da FA: racismo institucionalizado (Foto: Agência Getty Images) O ex-jogador Sol Campbell afirmou em sua biografia que a Associação de Futebol da Inglaterra (FA, na sigla em inglês) adota o racismo institucionalizado no comando da seleção do país. A acusação incluída em sua biografia foi revelada neste domingo pelo jornal "Sunday Times". O zagueiro revelado pelo Tottenham Hotspur também culpa seus antigos companheiros de clube por rumores falsos sobre sua sexualidade. - Acredito que, se fosse branco, seria capitão por mais de dez anos. É simples assim. Acho que a FA gostaria que eu fosse branco. Tinha credibilidade, jogava bem, tudo para ser capitão. Estava constantemente no coração da defesa, e era capitão no meu clube desde cedo na minha carreira - afirma Sol Campbell em sua biografia, segundo o "Sunday Times". Sol Campbell jogou 73 vezes pela seleção inglesa principal, entre 1996 e 2007, mas só foi capitão em três oportunidades. - Eu não acho que a atitude vai mudar, porque eles não querem, e, provavelmente, a maioria deles não quer também. Está tudo bem ter capitães negros e mestiços no sub-18 e sub-21, mas não para a seleção principal. Há um teto e, apesar de ninguém nunca ter dito isso, eu acredito que ele é feito de vidro - afirmou Sol Campbell. Na biografia, sobra também para Michael Owen, também ex-jogador e seu companheiro de seleção, cinco anos mais novo. - Michael Owen foi alçado a capitão antes de mim. Pensei: 'O que está acontecendo aqui?'. Acho que a FA não queria que eu tivesse voz… Foi embaraçoso. Eu me perguntei muitas vezes a razão de não ser capitão. E continuo chegando a mesma conclusão. Foi por causa da cor da minha pele - afirmou Campbell. O ex-jogador disse que faz a denúncia para que a situação mude e jogadores com origens em minorias étnicas ganhem chances na hierarquia do futebol inglês. - Tem de começar a mudar, porque quando você olha para os bastidores, não representa o futebol inglês - disse. Campbell também colocou questionou a homofobia no futebol. Revelado pelo Tottenham em 1992, ficou no clube até 2001, quando teve uma polêmica transferência para o Arsenal, onde ficou até 2006. Por causa da mudança, passou sofrer com provocações da torcida do ex-clube a respeito de sua sexualidade. - Porque as pessoas não me viam sendo dispensado de clubes ou transando nos becos com mulheres diferentes a cada semana, achavam que havia algo de errado comigo. Eu sou um jogador de futebol acima de tudo - afirmou. A reação da torcida do Tottenham foi imediata. Um torcedor do time de Londres chamado Charlie Marks postou a imagem de uma faixa com a seguinte mensagem: "Nada a ver com raça. Odiamos você Judas".
Faixa de torcedor do Tottenham: 'Nada a ver com raça. Nós odiamos você Judas' (Foto: Reprodução)

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