quinta-feira, 21 de maio de 2015

Herbem Gramacho: mais lento fora de campo do que dentro




Herbem Gramacho (herbem.gramacho@redebahia.com.br)


A Série B já começa amanhã e a situação do Vitória é preocupante. A eliminação precoce no Campeonato Baiano, aliada ao mau futebol apresentado mesmo diante de adversários fracos como a Anapolina, são os efeitos causados por um time que, desde 2014, está desconectado da essência rubro-negra de atacar em velocidade.

E há algo que preocupa mais: o Vitória não atacou as causas do problema. Faltam agressividade e velocidade não só em campo; fora também. Em um mês de férias forçadas, o Leão usou a troca de presidente como uma satisfação ao público, não como um início de reconstrução ou mudança. Intensificou a guerrilha interna em seu Conselho Deliberativo rachado, mas ainda caminha lentamente em direção ao novo.

Exemplo: o presidente Raimundo Viana, quando eleito, disse ser favorável à eleição direta. O presidente do conselho, José Rocha, agora mostra-se favorável ao voto direto do sócio. O ex-presidente Alexi Portela Júnior, de forte ascendência entre a maioria dos conselheiros e responsável pela eleição de Viana, também diz ser favorável.

Mas o tempo vai passando, e a comissão formada em dezembro do ano passado para reformar o estatuto já passou por mudanças na sua composição, mas ainda não alterou uma vírgula sequer no estatuto.

Convém lembrar: o torcedor que quiser votar na próxima eleição tem até o dia 15 de junho para se associar. Falta pouco mais de um mês. Isso porque, de acordo com o estatuto, o prazo de carência é de 18 meses e o futuro presidente será escolhido na segunda quinzena de 2016. 


O torcedor rubro-negro dá sinais de cansaço, apesar das férias. Do ano passado pra cá, o Sou Mais Vitória caiu de cerca de 7 mil associados em dia para 4 mil adimplentes. Neste ano, apenas 10.878 pagantes foram ver a semifinal da Copa do Nordeste, em que o Leão fazia a melhor campanha da competição e só precisava ganhar do Ceará para conseguir a vaga na final. A falta de perspectiva de mudança desmotiva ainda mais, mas este é o momento de se animar: associar-se é o único meio de poder opinar no futuro do clube. Seja em 2016 ou em 2036. Com o perdão de usar o Bahia como exemplo, a luta no rival durou duas décadas.

Uma assembleia geral está prevista para o dia 6 de junho, o sábado do feriadão de Corpus Christi (a data ainda não está confirmada em edital). Talvez ela aprove a mudança a favor do voto direto do sócio. Talvez mantenha o formato atual, em que o sócio vota no conselho e apenas os conselheiros elegem o presidente - que, por sua vez, escolhe todos os conselheiros, o que é um absurdo. Talvez empurre com a barriga. E talvez essa assembleia nem seja convocada antes de 15 de junho.


Até lá, quanto mais torcedores dispostos a implantar a democracia no Vitória se associarem, maior será a pressão pela democratização. Historicamente, as leis são alteradas assim: por vontade política e/ou pressão popular. No Leão, o primeiro fator não existe. O segundo depende muito dos rubro-negros.


É nesse cenário que aparecem os grupos de oposição. Por sinal, nunca foram tantos: Frente 1899, Vitória de Primeira, Vitória Livre, Democracia Rubro-Negra, Vitória de Fé, Século 21... A quantidade de rubro-negros articulados dá uma noção do tamanho da insatisfação. Cada um a seu jeito, com seus ideais. A Frente 1899 tem o perfil de sócios mais jovens empunhando a bandeira da profissionalização.

No Vitória de Primeira estão conselheiros e ex-conselheiros conhecidos como Ademar Lemos Júnior, Jorge Sampaio, Albérico Mascarenhas e Fábio Mota, que romperam com Alexi. No Século 21, liderado por Walter Seijo, o caminho é o da intervenção. Uma coisa todos têm em comum: ninguém mais quer ver o Vitória como clube de um dono só.

* Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras

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