terça-feira, 5 de maio de 2015

Unidos pela Série A, Maxi e Kieza comemoram boa fase no Bahia



Rebaixados em 2014, atacantes deram a volta por cima caíram nas graças da torcida
Bruno Queiroz (bruno.queiroz@redebahia.com.br)

Se no ano passado a dupla Maxi e Kieza não chegou a assustar os adversários, em 2015 tem sido diferente. Artilheiros do Bahia na temporada, o argentino de 30 anos e o capixaba de 28 mostram sintonia também fora de campo e falam com muito bom humor sobre provocações, gols, união, título baiano e Série B, que já começa sexta e na qual o Bahia estreia sábado, contra o América-MG, fora de casa.

O que mudou em relação a 2014? Vocês mudaram? O Bahia mudou? Ou as duas coisas?


Kieza 
Acho que o principal foi o que o Sérgio (Soares) conseguiu fazer com o grupo, nos tornamos uma família. Estamos unidos, um briga pelo outro, estamos sempre nos ajudando, brincando fora de campo e isso faltou muito ano passado. A união no futebol pra mim é tudo. Hoje, a gente vem jogando de uma maneira diferente. Ano passado, a gente jogava muito pra trás, se defendia muito. Maxi até reclamava muito que não tinha liberdade pra jogar. Agora, ele tem liberdade, eu tenho liberdade e a gente conseguiu mostrar e resgatar nosso futebol.
Maxi e Kieza comemoraram com a torcida (Foto: Mauro Akin Nassor/Correio)
 Maxi
Concordo com tudo que ele falou. Além disso, primeiramente mudou a cabeça. Hoje, o Marcelo (Sant’Ana), o presidente, está fazendo um ótimo trabalho, junto com Alexandre (Faria, diretor de futebol), Éder (Ferrari, gerente de futebol). Isso é primordial. Se a cabeça está bem, o corpo está bem. Contrataram um treinador que, pra mim, é um dos melhores do Brasil que eu já trabalhei, que é o Sérgio Soares. A postura que temos hoje, jogamos da mesma forma em casa e fora de casa, não é todo treinador que tem isso. Sérgio Soares tem grande mérito, ele que monta o time. 
Além da parte técnica, vocês se sentem melhor fisicamente? 
Kieza 
Ano passado, cheguei da China na metade do ano, não tive como treinar, não tive a preparação adequada. Esse ano, a gente teve uma pré-temporada muito boa e se  preparou muito bem. Começamos arrasando, passando por cima de praticamente todos os adversários. Tivemos a preparação adequada que todo jogador precisa. 
Maxi 
No meu caso, ano passado, cheguei com cinco treinos e já fui jogar, não tive uma base física, não fiz pré-temporada. Acabei sentindo o desgaste, o calendário aqui é muito apertado, é difícil recuperar. Este ano, fizemos uma ótima pré-temporada, Reverson (Pimentel, preparador físico) é ótimo profissional, sabe quando poupar o jogador, quando o atleta está cansado. O grande mérito é da pré-temporada. 
Vocês usam bastante as redes sociais, às vezes, para provocar. Gostam de fazer isso?
Maxi  
A gente é um grupo alegre. Fizemos um vídeo comemorando uma vez, mas comemorando o quê? (risos) A gente não comemora a derrota dos outros, comemoramos triunfo nosso. O grupo é assim, alegria. A gente fez um vídeo uma vez no avião, que parecia uma van. A gente tava comemorando o quê? Nada!
Kieza 
É muita maldade de vocês (risos). Do nada a gente começa a brincar, a gente faz vídeo de tudo. O grupo do Bahia esse ano está muito legal. 
Acham que as brincadeiras são por ter muitos jovens no grupo? Falta isso ao futebol?

Maxi
Quem inicia as brincadeiras, geralmente, são os mais velhos, tipo Kieza (risos). Aquele “xiii” (explicando a comemoração do Ba-Vi, em que fez o sinal de silêncio pra torcida do Vitória) é pra segurar a onda. Me xingavam e não tenho como xingar eles, aí tem que fazer alguma brincadeira. Você não pode comemorar um gol que é cartão amarelo, sobe ali, cartão amarelo. Às vezes, você quer tirar toda a adrenalina e não pode.

Atacantes exibem com orgulho troféu do Campeonato Baiano (Foto: Marina Silva/Correio 
Kieza  
Eu o mais velho?! (risos). Futebol tem que ter essas brincadeiras, contagia os jogos, nos clássicos principalmente. Faz o clássico pegar mais fogo. A gente entra em campo de outro jeito. 
Jazmin (esposa de Maxi), você fica preocupada com as provocações de Maxi nas redes sociais? Briga com ele? Você até já chegou a defendê-lo no Twitter... 
Jazmin
Brigar eu não brigo, porque ele fica bravo (risos). Fico preocupada sim, mas fico mais é quando ele reclama do juiz. Quando ele fica muito bravo logo no início do jogo com o juiz, eu fico desesperada: “Sai daí, sai daí!”. 
Nesse momento, Maxi e Kieza aproveitam a deixa para entrar na conversa...
Maxi 
Futebol tem que jogar sem juiz, cara. Sabe essas peladas do bairro, que você diz: “foi falta” e o cara aceita: “Ah beleza”? 
Kieza 
A gente não pode falar nada que parece que ele quer te bater. Querem mandar no jogo. 
Tem algum juiz que elogiam?

Maxi 
Elogiam?! (risos). Aqui na Bahia não existe. O que apitou ontem (Jailson Freitas, no domingo) apitou o Ba-Vi e prejudicou a gente. Apitou contra a Juazeirense, teve uma mão clara que todo mundo viu e ele não quis dar pênalti. Mas não vou falar do juiz (risos).
Vocês não querem falar do juiz, tudo bem. Mas e o gramado de Vitória da Conquista?

Kieza
Uma m... Desculpa, mas eu falo a verdade. Como o campo lá de Juazeiro. Você vai tentar dominar uma bola, ela bate no joelho. 
Maxi
Eu concordo que os caras têm que jogar em casa, mas melhora o gramado! A correria que os caras botaram lá (em Conquista), e ontem (domingo)? A vantagem deles de jogar em casa é o gramado.

De onde vocês tiraram energia para inverter daquele jeito a desvantagem no Baiano, após a derrota na Copa do Nordeste?
Maxi 
O grupo sentiu a perda da Copa do Nordeste, a gente estava muito preparado para ser campeão, estávamos acreditando demais. A gente sentiu bastante essa derrota lá (no Ceará), mas a gente perdeu jogando, lutando. A gente estava muito focado, tinha gente chorando na oração, nunca tinha visto um vestiário assim. E a gente não conseguiu fazer o gol, que se entrava alguma bola mudava tudo. O Castelão no início do jogo estava calado. A gente vacilou no jogo anterior contra o Vitória da Conquista, tomamos três, não era pra tomar, mas aí ontem (domingo) consertamos tudo (risos).
Kieza 
A gente se cobra muito. Ninguém abaixou a cabeça, falamos que iríamos reverter a situação. O mérito desse grupo é não desistir. 

O que acharam do público da final do Baiano  (20 mil)? Esperavam mais ou menos?

Maxi
Eu esperava que tivesse menos público por causa do jogo de lá. Acho que a gente deixou o torcedor um pouco envergonhado. Mas você viu que o torcedor acredita na gente. Não podíamos falhar e esse título foi pra eles.
Kieza
Estava até falando com Jayme (assessor de imprensa) que o torcedor foi chegando durante o jogo. No terceiro, quarto gol, eu olhei pra arquibancada e tinha mais gente. 
Maxi vai jogar a Série B pela primeira vez, Kieza já jogou pelo Náutico e pela Ponte Preta. O que podem falar da competição? 
Kieza
Série B, eu acho mais difícil, com a marcação mais forte. Vão chegar mais jogadores para ajudar no nosso plantel. Acho que vamos fazer uma grande Série B, a gente espera ser campeão.
Maxi 
Cara, eu não conheço a Série B, só assisti bastante. Bom que temos pessoas experimentadas como o próprio Sérgio (Soares), que já sabe como é, Kieza que também já jogou. Então vai facilitar. Obviamente, temos que continuar trabalhando bastante, pois é um campeonato mais complicado. 
Quais serão os principais concorrentes pelo acesso?

Kieza 
O Botafogo, por ser uma potência do futebol brasileiro, certamente vai brigar pra subir. Ceará também está muito forte. Mas a gente estava mais ligado no Baiano, Nordeste e Copa do Brasil, agora que acabaram essas competições, vamos começar a pensar na Série B e procurar fazer um bom trabalho.
A pergunta deveria ser para Kieza, mas será pra você, Maxi. O contrato de Kieza é até julho. Se ele for embora, você vai ficar como? 
Maxi 
Não, ele não vai embora, não. Caçador de rubro-negro vai ficar (risos). Ele é nosso  melhor jogador, disparado. Tem que ficar de qualquer jeito. Não vai embora, não. 
Kieza 
Até falei com Maxi na hora do pênalti do Souza. A satisfação de jogar com ele, que é um grande jogador. Cheguei a me emocionar por tudo que a gente passou no ano passado. Já acompanhava ele antes, eu começando a jogar profissional e ele no Flamengo...  Maxi interrompe Ah para, para, também não tenho tantos anos assim (gargalhadas). 
Maxi, pra você que já jogou no Vitória, jogar no Bahia é diferente?

Maxi
Não gosto de falar “aqui é melhor que lá”. Sou muito grato ao Vitória, que me abriu as portas aqui. Essas provocações que eu faço são de boa. Tenho muito respeito pelos clubes que passei. Mas o Bahia é time grande. A torcida tem mais cobrança, tem mais pressão, tem mais cara de time grande mesmo. É muita diferença nesse aspecto de torcida, do dia a dia na rua. Você ganha dois jogos e o estádio lota.

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