Por Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)
A reportagem do Bocão News divulgou na última sexta-feira (20), o depoimento de Wallyson Santana de Castro, 24, conhecido como “Galego”, acusado de matar o bailarino Reinaldo Pepe dos Santos, de 40 anos. Nas imagens, chorando bastante, ele diz que não tinha intenção de matar Reinaldo.
De acordo com a polícia, um desentendimento por causa de R$ 20 foi o motivo da morte do bailarino. Wallyson Castro é garoto de programa desde os 21 anos. No dia do crime, madrugada de domingo (15), ele teria se relacionado intimamente com o bailarino no apartamento da vítima, no bairro da Saúde. Após uma discussão pelo pagamento do programa, Wallyson Castro matou com dois golpes de faca Reinaldo dos Santos.
Após a publicação do vídeo, em contato com o Bocão News neste sábado (21), o presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira, saiu em defesa do respeito aos LGBTs da Bahia e dos mais de setenta e dois assassinados em menos de três meses no Brasil.
“Nesta sexta-feira tomei conhecimento do primeiro vídeo entrevista feita pelo site Bocão News com Wallyson Costa Santana, assassino confesso do bailarino Reinaldo Pepe na madrugada do último sábado no bairro da Saúde, Centro Histórico de Salvador. No vídeo o homicida usa de um argumento clássico da defesa, mesma usada pelos machos que matam mulheres para “lavar a honra” com o sangue derramado. Posso ver o desespero, agora, do assassino confundindo os fatos na tentativa de imputar a vitima a culpa pelo desfecho sangrento da situação”.
E continua: “o crime é sem dúvida, motivado por homofobia, quando alguém mata outro por menosprezo é ódio, ou seria um crime de legítima defesa? Ele matou de forma covarde, por ódio amparado pela sociedade que considera homossexuais indivíduos de segunda categoria e ainda empurra-nos a viver nossa sexualidade na clandestinidade, expostos a doenças, violência física e extermínio, como aconteceu com Reinaldo Pepe”.
Para Cerqueira, Wallyson Castro “como todo homicida que pratica um ato terrível por motivo torpe, alega ter filha menor, clamando por piedade por sua condição de heterossexual, pobreza, dependência financeira e colocando-se na condição de explorado pelo dançarino. ‘Sou filho de baiana de acarajé e pai desempregado’, esse é outro argumento utilizado para afirmar sua condição de necessitado e explorado”.
O presidente do GGB acredita que a vítima condição de negro, de homem bem sucedido na profissão e com recursos e respeitado é mais um agravante para o homicídio praticado pelo ódio. Walyson, mesmo pobre, branco e fisicamente atraente não aceitou ser subjugado por um negro. O presidente do Grupo faz questão de ressaltar que outro fator que prova o ódio e que o homicida está usando para se colocar como vítimaé quebra de acordo, pois tinha negociado com a vítima R$ 70,00, a vítima deu R$ 50 e ainda pediu o troco de R$ 20,00.
“Observa-se que nesse momento o homicida fala de forma jocosa, desdenhando a orientação sexual do bailarino. Faz isso de forma premeditada tentando atrair a simpatia dos homofóbicos que desdenham homossexuais. É um vídeo sem dúvida revelador e deve ser colocado como peça do processo penal. Entretanto, torna-se difícil compreender a versão da luta corporal, haja vista que o autor aparenta ser fisicamente mais fraco que a vítima, que é capoeirista e que por ser dançarino tem musculatura bem mais forte que o homicida. No momento em que ele descreve a luta corporal não consegue explicar como foi o crime, dando a impressão que foi surpreendido e reagiu a abordagem do dançarino. Mas a única marca de agressão que ele relata é um arranhão que sofreu na mão”, finaliza.
Veja o vídeo:
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