domingo, 27 de julho de 2014

"Fomos leais e jogamos aberto com Marquinhos Santos", diz vice-presidente


Resposta de Valton Pessoa ao post “Os bastidores de uma diretoria amadora”Publicado por Fernanda Varela e arquivado em EC Bahia, Fora das quatro linhas, tags: EC Bahia, Valton Pessoa


Acompanho o processo de democratização do Bahia desde o início, em 2011, quando Jorge Maia ingressou com uma ação pedindo a intervenção judicial ao clube pela primeira vez. Mais do que isso…acompanho o Bahia desde que tenho 3 anos de idade e vi (e vivi) muita coisa no clube.

Apaixonada por futebol, torci pela democratização, independente de quem fosse assumir a presidência. Sou tão fascinada por esse tipo de mudança, que escolhi o tema para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da graduação de Jornalismo.

Após o meu último post, sobre a demissão de Marquinhos Santos, o vice-presidente Valton Pessoa pediu ao departamento de comunicação do Bahia que me procurasse e me enviou uma resposta ao meu texto opinativo. Defendo e sempre defenderei a democracia, não apenas no Bahia, mas em qualquer âmbito. E no blog não é diferente. Portanto, cedi o espaço, como tem que ser.

Valton, mantenho minhas críticas por discordar da forma como tudo foi feito, mas aproveito para esclarecer (caso não tenha ficado claro) que nenhuma crítica postada foi direcionada a nenhum diretor do clube como pessoa. Todos temos um convívio muito bom e reconheço o esforço diário que fazem, mas não posso deixar de criticar quando acho necessário. No mais, desejo sinceramente muita sorte e sucesso no restante da gestão e me coloco à disposição sempre que quiserem um direito de resposta.

Agradeço em nome de todos os torcedores que acompanham o blog pela atenção. Eles, mais do que qualquer jornalista, merecem esclarecimentos.

Leia a mensagem do vice-presidente Valton Pessoa na íntegra:

“Olá Fernanda,

Não tenho nenhum problema em ouvir críticas e sei que, no futebol, elas são naturais quando o time não atravessa uma boa fase. Porém, acredito que o episódio da demissão de Marquinhos Santos não foi bem compreendido por você –e eu estaria disposto a prestar esclarecimentos caso tivesse a oportunidade de ser procurado para o contraditório.

Em um futebol brasileiro com cada vez com menos ética nas relações de trabalho, jornalísticas e de gestão, considero ter acontecido exatamente o contrário, dentro do princípio da transparência que sempre norteou esta administração.

Simplesmente fomos honestos com o técnico contratado pelo clube e, em vez de guardar um silêncio cínico e deixar para anunciar a despedida somente após o jogo seguinte, como tradicionalmente acontece, informamos a ele na Arena Corinthians que apenas ficaria no cargo se conseguisse um triunfo convincente contra o Internacional.

Na ocasião, vale dizer, Marquinhos se disse motivado para comandar esta partida em tais condições. Ou seja, não entrou já demitido em campo.

Além disso, em vez de fazer os contatos com os possíveis novos técnicos “por baixo dos panos”, como também comumente ocorre, novamente fomos leais e jogamos aberto com o treinador.

Preferimos ser “amadores” assim a “profissionais” como os do passado”.


Os bastidores de uma diretoria amadoraPublicado por Fernanda Varela e arquivado em EC Bahia, Fora das quatro linhas, tags: EC Bahia, Marquinhos Santos, Valton Pessoa


Logo após o jogo contra o Internacional, Marquinhos Santos e Valton Pessoa chegaram à sala de imprensa da Arena Fonte Nova para anunciar de forma desastrosa a demissão do técnico. Tirando o anúncio da demissão em si, que era esperada e foi acertada, fiquei um pouco assustada com a forma como as coisas funcionam no Bahia.

Valton foi bastante sincero na coletiva. Com todas as letras, ele disse que Marquinhos Santos foi informado da sua demissão logo após a derrota contra o Corinthians. Peraê (1)…como assim o treinador é demitido e continua treinando o time, se preparando para o próximo jogo? Marquinhos foi muito solidário ao clube, mas esse tipo de coisa é patética. Demitiu, sai. É assim que funciona em qualquer clube profissional. Em seguida, o vice-presidente admitiu que, caso o Bahia tivesse um triunfo convincente, (mesmo demitido) o técnico poderia ser mantido. Recapitulando…você demite o cara e depois simplesmente diz que desistiu? Com que clima um profissional vai trabalhar depois disso? Surreal.


Pouco depois, Valton chegou a dizer ainda que, por ele, Marquinhos não seria demitido e continuaria no comando do Bahia. Peraê (2)…faltou marcar um churrasco com o resto da diretoria para combinar o que aconteceria? Não existe jogar a responsabilidade da demissão para terceiros. Valton é o vice presidente e, na ausência de Schmidt (que está viajando), responde pelo clube. É ridículo você dar uma opinião pessoal dizendo que discorda do posicionamento do clube em plena coletiva em que está anunciando a demissão (decisão tomada pelo clube), né?

Por fim, para deixar a cena um pouco mais horrorosa, Valton ventilou novos nomes para assumir o cargo de novo técnico do Bahia. Sim, isso tudo ao lado de Marquinhos Santos. É a primeira vez que vejo isso em toda a minha vida. Admitir que procurou pessoas, falar sobre as negociações feitas segundos após um anúncio de demissão do treinador, sem ao menos dizer um “adeus”. Que constrangimento. Na coletiva, Valton admitiu que procurou Gilson Kleina por ser um dos melhores nomes para o cargo e negou que tenha interesse em Ney Franco. “ESSE nós não procuramos”. Podemos deduzir que mais nomes foram procurados, né? Então…#forçaMS.


Não sei quem vai assumir o Bahia, mas o fato é que embora tenha boas intenções (e acredito mesmo nelas), a diretoria deixou a desejar. Agiram como pessoas completamente desnorteadas quando o assunto é futebol. Não precisa ter tesão pelo que faz (o próprio Valton já admitiu que quer voltar à vida normal dele, como advogado, e deixar o futebol de lado), mas é necessário ter uma postura mais profissional quando se está em um cargo tão alto em um dos clubes mais tradicionais do futebol brasileiro. A forma como as coisas foram feitas na demissão de Marquinhos provam como o Bahia precisa de mais postura profissional…em tudo.

A diretoria pecou na falta de sensibilidade com agora ex-treinador e, com os jogadores (treinados por um técnico demitido) e, principalmente, com a torcida. Torço para que consigam trazer um treinador melhor, que consiga livrar o clube do rebaixamento.

Que Marquinhos Santos tenha sucesso na carreira, que só está começando. E que o Bahia possa ganhar uma injeção de ânimo com o novo técnico, que terá um trabalho árduo pela frente. E, claro, que o Bahia continua sua luta por democracia e inicie uma nova luta pela profissionalização de todos os setores.

* Cícero Souza, gerente de futebol do clube, está de saída do clube. Ele cumpre aviso prévio até o fim do mês e deverá ser substituído por Marcus Vinícius, que já teria trabalhado no Figueirense. Não conheço, mas se tiver a mesma atuação de Cícero (que metade da torcida não conhece), não fará muita diferença, né?

** Para não deixar passar em branco, gostei muito mais da postura do time em campo hoje. Mais organizado, mas ainda precisa evoluir. Ponto para a mudança nas laterais! Além disso, torço para que Maxi fique mais um tempo afastado. Está prejudicando a equipe com um futebol tão apagado.

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