domingo, 6 de julho de 2014

Goleiro alemão pega muito e ainda sabe jogar com bola no chão

Neuer assumiu o gol pouca antes do Mundial da África do Sul e nunca mais saiu

Oscar Valporto, do Rio de Janeiro (oscar.valporto@redebahia.com.br)



“Aquilo não foi um tiro de meta. Foi um lançamento em profundidade. Cheguei antes porque sabia que ele era capaz de lançar assim”. 


A declaração de Miroslav Klose foi feita em 2010 e o sujeito da frase é o goleiro Manuel Neuer. Alemanha e Inglaterra se enfrentavam pelas oitavas de final no Mundial da África. Tiro de meta, Neuer lançou de direita, Klose disparou, chegou na frente do zagueiro e abriu o marcador com seu 12º gol em Copas. 


Quatro anos depois, o artilheiro alemão já alcançou o recorde de 15 gols de Ronaldo, mas é o goleiro que chama atenção nesta Copa do Mundo, pelas boas defesas e por atuar como líbero, usando os pés. “Manuel Neuer é um ótimo jogador de futebol. Poderia jogar no meio-campo”, exagera o técnico Joachim Löw.


Aos 28 anos, o goleiro alemão atribui suas qualidades com os pés à paixão pela bola. “Sempre gostei de jogar e não apenas no gol. Jogo futebol desde menino. E creio que, hoje em dia, um goleiro completo também precisa usar bem seus pés”, diz. 


Manuel Peter Neuer tinha só 2 anos quando ganhou sua primeira bola e, aos 5, já estava na escolinha de futebol do Shalke 04, clube da cidade de Gelsenkirchen, onde nasceu. 


Alto até para padrões alemães - mede 1,93m - foi logo testado no gol. Seu ídolo de infância era o então goleiro de Shalke, Jens Lehmann, titular da Alemanha na Copa de Mundo de 2006. “Neuer tem essa grande vantagem: chuta com os dois pés e lança muito bem com as mãos”, afirma, hoje, Lehmann, que escreve sobre a Copa para jornais ingleses.


Nas estatísticas da Fifa, os goleiros, naturalmente, aparecem sempre como aqueles que percorrem as menores distâncias: geralmente ficam entre 3km e 4km. 


Manuel Neuer percorreu, em todos os cinco jogos, mais de cinco quilômetros. “Pelo estilo da equipe, nós precisamos de um goleiro que seja capaz de ser mais um jogador, um defensor atrás dos defensores”, explica Löw.
Com 1,93m, Neuer é garantia de segurança no gol da Alemanha, mas também mostra habilidade com os pés (Foto: Gabriel Bouys/AFP)


A seleção da Alemanha, sob o comando do treinador - desde a Copa do Mundo de 2010, mas principalmente agora em 2014 - passou a jogar com aquele toque de bola à espanhola, valorizando a posse, compactando os jogadores e recuando a bola para o goleiro sempre que necessário para recomeçar a jogada. 

“Sei que meu papel na equipe inclui jogar assim, fora da área, e correr riscos”, afirmou Neuer na zona mista do jogo contra a França, em que o goleiro percorreu 5,3 km.

Confiança 
Manuel Neuer tinha apenas 24 anos quando virou titular da seleção alemã em 2010, herdeiro de uma linhagem de goleiros que tem Sepp Maier, Harald Schumacher e Oliver Kahn. 


Era o terceiro goleiro. O titular, Roberto Enke, suicidou-se; o reserva René Adler sofreu uma lesão. Neuer assumiu o gol pouca antes do Mundial e nunca mais saiu. 


Seus colegas no Bayern, o zagueiro Boateng e o polivalente capitão Lahm destacam a tranquilidade que o goleiro traz. “É importante termos um goleiro que nos dá confiança também com os pés. E tem grandes mãos também”, lembrou Phillip Lahm após as defesas de Neuer na partida contra a França. 


“Manu nos dá tranquilidade com as mãos e com os pés. Ele é muito calmo e confiante. Isso passa para todo o time”, disse Jerome Boateng.


Do ponto de vista brasileiro, Manuel Neuer tem mais uma característica problemática: também sabe agarrar pênaltis. Em sete anos na Bundesliga, pegou um terço dos 15 pênaltis que enfrentou. 


Em 2012, na semifinal da Liga dos Campeões da Europa, pegou dois pênaltis, de Cristiano Ronaldo e de Kaká. Defendeu mais um na final contra o Chelsea, também decidida nos pênaltis, onde Neuer cobrou e marcou. 


Como consolo para os brasileiros, essa final o Bayern perdeu nos pênaltis e o goleiro alemão não conseguiu defender a cobrança de David Luiz.

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