de Carlo Ancelotti, e supera esquema dominante armado por Pep Guardiola
O Real Madrid precisou ser caça e caçador para sair na frente do Bayern de Munique e vencer por 1 a 0 o primeiro duelo da semifinal na Liga dos Campeões da Europa. No início, o que parecia uma situação desesperadora, quando os alemães empurravam os merengues para sua linha de fundo com passes perfeitamente sincronizados e posse de bola impressionante, se mostrou um plano perfeitamente executado para capturar o adversário.
Foi como Guardiola temia que o Real Madrid saiu de sua toca para conseguir a importante vitória no primeiro jogo decisivo entre os rivais históricos. Um dia antes da partida, o técnico alertava para os perigos da velocidade do contra-ataque dos merengues, que precisaram de apenas quatro toques impecáveis na bola para se recuperarem de um ataque dos visitantes e chegarem a Neuer, batido por Benzema, autor do único gol da partida. A jogada fulminante definiu o placar.
O garbo e a elegância dos técnicos Ancelotti e Guardiola foram repetidos em campo por seus jogadores com os pés. Os esquemas montados pelos dois fizeram desta primeira semifinal um duelo marcado por suas mentes brilhantes. Ainda que o treinador do Bayern não tenha conseguido fazer seu time marcar um gol, teve sucesso ao conseguir dominar o Real Madrid em sua própria casa. Mas o ritmo determinado pelos pupilos de Ancelotti foi determinante na definição do vencedor do duelo desta noite.
Um tabu foi quebrado. Guardiola perdeu pela primeira vez em oito jogos no Santiago Bernabéu e precisará incendiar sua equipe para igualar o nível apresentado pelo Real Madrid e superar a desvantagem desta quarta-feira. A partida de volta acontece na próxima terça, às 15h45 (de Brasília), em Munique. Repetição do placar leva a decisão da vaga para a prorrogação. Jogando pelo empate, os merengues podem até perder por diferença mínima se balançarem a rede.
Benzema festeja: artilheiro francês garantiu a vitória do Real Madrid (Foto: AP)ARMADILHA DO REAL FUNCIONA
Os primeiros 15 minutos foram sacrificantes para o torcedor do Real Madrid. Os merengues foram dominados por um Bayern de Munique dono da bola, do jeito que o técnico Guardiola gosta. A posse dos alemães chegou a 75%, em um espetáculo bem sincronizado dos visitantes, que tocavam de um lado ao outro do campo, procurando espaço para chutar no gol de Casillas. Os braços constantemente abertos de Xabi Alonso e Pepe, cobrando seus companheiros de meio e ataque para que voltassem e ajudassem na marcação mostravam que o Real Madrid tinha uma estratégia. Ancelotti preparou uma armadilha. Deixar o Bayern à vontade e mandando no jogo parecia parte deste plano maior.
O Real Madrid nem tinha chegado ao ataque quando o Bayern teve sua chance mais perigosa, aos 18 minutos. Mandzukic recebeu cruzamento e ajeitou de cabeça para Schweinsteiger chegar chutando. A finalização foi bloqueada. Hora de os merengues usarem o que têm de melhor, e ainda usarem o poder de seus adversários contra eles mesmos. Quando a bola chegou da defesa em Cristiano Ronaldo, ele já sabia o que fazer. Um passe perfeito para Fabio Coentrão matou a zaga do Bayern. Titular por causa da lesão de Marcelo, o lateral-esquerdo português conseguiu cruzar rasteiro para Benzema chegar em velocidade e não precisar fazer muito esforço para completar a gol e abrir o placar.
Benzema completa para o gol, observado por Alaba (Foto: AP)
Depois de participar do começo do gol, o melhor do mundo entrou definitivamente na partida. Passou a se movimentar melhor, e finalizou de cabeça. Mas pareceu novato aos 26 minutos, quando teve a chance de ampliar o placar para 2 a 0. O craque português teve seu momento inacreditável quando, em jogada muito parecida com a do primeiro gol, recebeu de Benzema e não soube dosar a força na frente de Neuer, em chute que foi para fora. Ainda assim foi aplaudido pela torcida. Ele tem crédito.
No Bayern, Ribéry não conseguiu fazer muito contra a defesa muito bem fechada do Real Madrid. Quem buscou mais o jogo foi Robben. O holândes ganhou a maioria dos duelos com Coentrão pela ponta, mas acabou se perdendo em sua própria confiança. Em pelo menos duas jogadas, foi fominha e perdeu bolas que deveria ter passado.
Guardiola orienta seus jogadores, enquanto Ancelotti observa a partida: duelo tático em Madri (Foto: AP)
Sem reação, o futebol dos alemães só caiu. Não estava fácil seguir o ritmo alucinante dos velocistas do Real Madrid, que só não fizeram mais um porque Di María teve também seu momento inacreditável, ao receber cruzamento da esquerda, dominar no peito, ter tempo para escolher onde iria mandar a bola e chutar por cima de Neuer. Guardiola foi sentar no banco com seu caderninho para fazer anotações. O Real Madrid teve a chance de matar o jogo no primeiro tempo. O Bayern foi para o vestiário parecendo um time fraco.
BAYERN NÃO CONSEGUE REAGIR
O papo de Guardiola no vestiário pareceu não ter adiantado. A posse de bola do Bayern caiu no segundo tempo, quando o Real Madrid se aproveitou de um rival abatido. Por mais que os alemães tenham criado mais oportunidades que no primeiro tempo, ainda foram menos chances perigosas que as dos donos da casa, que não diminuíram a velocidade e se sobressaíram diante de um rival cada vez mais cansado.
Mesmo pressionando e com boas tentativas de gol de Ribéry e Kroos, o Bayern não criou qualquer oportunidade digna de arrancar um grito da torcida alemã nos primeiros minutos do segundo tempo. Quem fez isso foi o Real, duas vezes com Cristiano Ronaldo. Na primeira, aproveitou falha de Alaba num corte fácil e quase marcou num chute cruzado. Parou em boa defesa de Neuer. O goleiro alemão evitou um desastre maior ao evitar outro gol em finalização parecida do português, mas do outro lado da área.
Quando os merengues definitivamente dominavam o jogo, Guardiola se viu na urgência de mudar. O técnico tirou Ribéry, que nada produziu no Bernabéu, para colocar em campo a disposição de Götze. Do outro lado, Cristiano Ronaldo foi aplaudido de pé pelo estádio ao ser substituído por Bale, poupado por causa de uma gripe. Foi um reconhecimento do público pelo sacrifício que o português vem fazendo, lutando contra lesões na reta final da temporada, para estar em campo e ajudar seu time a conquistar a décima Liga dos Campeões (assista aos melhores momentos do melhor do mundo no vídeo acima).
Os últimos 15 minutos da partida foram os melhores do Bayern. Neste período, o time mostrou ter forças para se juntar a sua torcida em Munique e superar o resultado adverso na segunda partida da semifinal. O time alemão conseguiu calar o estádio duas vezes. Primeiro, com Müller, em chute perigoso que terminaria dentro do gol, não tivesse sido desviado. Depois com Götze, recebendo sozinho na área após erro de saída de bola de Modric e quase empatando a partida. Casillas foi herói ao buscar essa bola com muito reflexo. Levantou reverenciado por sua torcida. No fim, Thomas Müller ainda reclamou pênalti numa bola que Xabi Alonso cortou pouco antes de sua conclusão, mas foi ignorado pelo árbitro Howard Webb.
Dante desarma Di María em tentativa de contra-ataque do Real Madrid (Foto: AFP)
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