A Portuguesa ignorou liminar judicial e entrar em campo na primeira rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. No entanto, isso não foi suficiente para que o jogo contra o Joinville acontecesse sem traumas. A decisão chegou às mãos do quarto árbitro, e o jogo desta sexta-feira foi interrompido aos 17min do primeiro tempo.
"Fomos ameaçados pela Justiça. Fui obrigado a retirar o time de campo, mesmo contra a minha vontade. Enquanto a liminar não cair, o time não pode entrar em campo. Acatamos o que a Justiça determinou. Temos medo de um WO, mas não temos o que fazer", disse Ilídio Lico, presidente da Portuguesa, em conversa por telefone com o UOL Esporte.
A postura da Portuguesa já havia causado uma cisão interna no clube. Orlando Cordeiro de Barros, que ocupava a vice-presidência jurídica, não concordou com a decisão de entrar em campo e entregou o cargo nesta sexta-feira. Ele não estava sequer assistindo à estreia da equipe na Série B.
"Eu não estou acompanhando o que aconteceu. Estou sem televisão, mas eu sabia que isso ia acontecer. Eu avisei isso ontem [quinta-feira]. Eu falei que isso ia acontecer porque decisão judicial você cumpre, não desafia. O delegado que mandou a partida parar deve estar só cumprindo a ordem que passaram para ele. Isso é óbvio. Se a liminar não foi cassada, como você entra em campo", questionou Cordeiro de Barros aoUOL Esporte.
A liminar foi concedida pela juíza Adaísa Bernardi Isaac Halpern, da 3ª Vara Cível do Foro Regional da Penha, em São Paulo. A decisão é fruto de uma ação movida pelo torcedor Renato de Britto Azevedo, que contesta punição que a Portuguesa recebeu no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva).
"Em face do exposto, concedo a antecipação de tutela e o faço para suspender os efeitos da decisão proferida pelo STJD em relação à Associação Portuguesa de Desportos, com o restabelecimento dos quatro pontos que lhe foram retirados", escreveu a juíza na decisão.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) chegou a pedir reconsideração, mas a juíza negou. Por causa disso, a Portuguesa enviou à entidade nacional na quinta-feira um pedido para adiar o jogo contra o Joinville.
Até o início do duelo, a CBF não havia respondido (em parte, o silêncio deve-se ao recesso do feriado da Páscoa). Portanto, para evitar uma punição no âmbito esportivo, a Portuguesa decidiu ir a campo.
Durante o jogo contra o Joinville, a decisão judicial chegou ao delegado responsável pela partida. Por causa disso, o confronto foi interrompido aos 17min do primeiro tempo. A Portuguesa retirou o time de campo, e todos os atletas foram para o vestiário.
"Se essa liminar for cassada na terça-feira, automaticamente a Portuguesa perderá os pontos. A Portuguesa devia jogar e depois verificar a legalidade", disse Nereu Martinelli, presidente do Joinville, em entrevista ao "Sportv".
O pedido de interromper o jogo foi entregue ao delegado da partida por um oficial de Justiça. A equipe que estava em campo entrou em contato com a CBF, que determinou a retomada do duelo. No entanto, a Portuguesa se recusou a voltar para o gramado e alegou que não podia descumprir a liminar.
"A orientação é para mantermos atletas em aquecimento. Estamos fazendo a nossa parte, que é esportiva. Existe um problema da Portuguesa no tribunal, e nós não temos nada a ver com isso", ponderou César Sampaio, superintendente de futebol do Joinville.
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