sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Atentado em festa de Natal que terminou com dois mortos foi ordenado por rival de traficante



Caso aconteceu no bairro de Plataforma. Mais três pessoas ficaram feridas quando bandidos atiraram durante fuga
Bruno Wendel (bruno.cardoso@redebahia.com.br)

O dia de Natal foi de tristeza para cinco famílias no Subúrbio Ferroviário. Na madrugada da quinta-feira (25), dois homens morreram e três pessoas ficaram feridas em um atentado no bairro de Plataforma. Bandidos entraram numa festa, que acontecia no terceiro andar de um prédio, na localidade do Boiadeiro, e atiraram contra um dos frequentadores Jailson Cerqueira dos Santos, que foi socorrido ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu.
Polícia Civil realiza perícia no local da festa, realizada no Espaço Chic, que funciona na localidade do Luso(Foto: Evandro Veiga)
Três pessoas que estavam próximas a ele ficaram feridas. Segundo as testemunhas, essas pessoas foram atingidas quando os bandidos, na fuga, atiraram para abrir caminho. Os feridos foram: Mariane Moura Santos, 20 anos, baleada na coxa esquerda; Marcos da Silva Souza, 30, atingido na perna direita e um adolescente, ferido de raspão na perna esquerda.
Eles também foram socorridos ao Hospital do Subúrbio e tiveram alta. Cerca de meia hora depois, Daniel dos Santos Miranda, 23, foi baleado na localidade conhecida como Alto do Manoel, a cerca de 50 metros do prédio. Ele tinha no pulso a pulseira do Natal Fest, evento que era realizado no prédio.
O rapaz também foi levado ao Hospital do Subúrbio, mas não resistiu no trajeto. As duas mortes foram registradas no mesmo boletim policial no hospital, que consta como responsável pela festa de um homem identificado como Mamá.
Segundo a polícia, Mamá é o chefe do tráfico da localidade do Boiadeiro e o atentado foi ordenado por um rival, identificado apenas como Adriano. “Ele (Mamá) vive em rivalidade com Adriano, do Parque São Bartolomeu. Muitos (de cada grupo) já foram presos, mas muitos já morreram”, declarou um sargento da 14ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Lobato). "Mamá já foi preso por tráfico várias vezes e Adriano por homicídios”, complementou um saldado da 14ª CIPM.
Agentes retiram equipamentos da festa, organizada, segundo a polícia, por Mamá, que rivaliza com Adriano(Foto: Evandro Veiga)
Festa
O prédio fica na Avenida Afrânio Peixoto, numa localidade conhecida como Luso. Nele funciona o Espaço Chic, uma área para eventos. Para ter acesso ao Natal Fest, o ingresso custava R$ 10 e dava direito a bebida (cerveja, refrigerante, água e uísque) e comida.
A festa começou às 22h30 e o som que rolava era funk e axé. Cerca de 50 pessoas estavam no local.
Testemunha
O adolescente baleado contou ao CORREIO como tudo aconteceu. De acordo com ele, por volta da 1h, Jailson dançava sozinho, entre ele, Mariane e Marcos. Nesse momento, dois homens que ele disse que não conhece foram na direção de Jailson e, sem falar nada, atiraram mais de uma vez.
“Deram uns 10 tiros nele. Não sei como eles subiram. Tinha uma segurança controlando o acesso de pessoas com a pulseira”, contou o rapaz, que disse em seguida como ele e as outras duas pessoas foram baleadas. “Com os tiros geraram um tumulto, eles atiraram novamente, mas para abrir caminho para fugir, pois só há uma saída no local, que é pelas escadas”, relatou Roque.
Segundo o rapaz, as pessoas apavoradas tentavam descer todas de uma vez e algumas pessoas correram caindo pelas escadas. Baleado, o adolescente foi levado pelos amigos para casa, pois estava sem documentos. Então, a mãe o levou para o hospital. 
Adolescente baleado diz não conhecer homens que cometeram crime(Foto: Evandro Veiga)
Questionado se conhecia os organizadores da festa, Mamá ou as duas pessoas mortas, o rapaz respondeu apenas que os organizadores são moradores do Boiadeiro e que soube do Natal Fest através das redes sociais.
Por telefone, um cunhado de Daniel — o rapaz morto fora da festa — disse que a família não sabe como o rapaz foi assassinado. “Uma irmã dele recebeu uma ligação anônima de um homem informando que Daniel estava baleado. Quando chegamos no local, já tinham socorrido ele para o hospital, onde foi atestado o óbito. Ele estava com a pulseira da festa, mas sem camisa. Quando saiu para festa, estava todo vestido e com o celular, que também não foi encontrado”, contou, sem se identificar.
IML
Ontem pela manhã, no Instituto Médico Legal (IML), a mãe de Jailson, Ana Lúcia Cerqueira dos Santos, disse que o filho era usuário de drogas, mas que não morava com ele. Ela disse ainda que ele nunca foi preso. “Que tenha chegado ao meu conhecimento, não”.
Já o padrasto dele, que se identificou apenas como Wilson, disse que o casal recebeu a notícia através de uma amiga, cuja filha também estava na festa.  
Perícia   
Ainda na manhã de ontem, peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) analisaram a cena do crime e encontraram duas cápsulas de pistola 380.  A dona do prédio, Leila Lacerda, disse que o alugou o espaço para uma ex-estagiária e o namorado dela.
“Ela me pediu para fazer uma confraternização e cedi. Ela trabalhou comigo por dois anos”, declarou Leila à delegada Marilene Lima, do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). “Iniciamos as investigações preliminares com o intuito de chegar à autoria e motivação do crime”, declarou a delegada, que pretende ouvir os parentes das vítimas, além da estagiária e o namorado dela.

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