Torcedores de Bahia e Vitória relatam medo de rebaixamento na última rodada

A permanência do clube do coração na Série A só será definida na última rodada do Brasileirão
Daniela Leone




Quem vê a alegria do tricolor José Vital e o descrente rubro-negro Jumirei Silva pensa até que o Bahia está melhor que o Vitória na tabela. Mas é apenas reflexo dos resultados do final de semana. Com um ponto a mais, o Leão tem mais chance de escapar do rebaixamento (Foto: Marina Silva)



Tricolores e rubro-negros viverão uma semana de nervos. A permanência do clube do coração na Série A só será definida na última rodada do Brasileirão, domingo. O Vitória recebe o Santos, no Barradão. O Bahia visita o Coritiba, em Curitiba. E os dois estarão ligados no Palmeiras, que joga contra o Atlético-PR, em São Paulo. Só um escapará do rebaixamento.

A conta é complicada. Para o Vitória escapar, precisa ganhar e torcer para que o Palmeiras empate ou perca. A combinação para o Bahia é mais difícil: tem que vencer e torcer para que o Palmeiras perca e o Vitória não vença. É pra pirar a cabeça e acabar com as unhas do torcedor mesmo.

Nas ruas de Salvador, os sentimentos se misturam. Angústia, esperança, aflição e uma dose comedida de gozação. Depois da goleada por 4x0 sofrida diante do Flamengo na rodada passada, as camisas do Vitória foram difíceis de encontrar. Já os tricolores, embora em situação pior na tabela, ganharam fôlego extra após o triunfo por 1x0 contra o Grêmio.

“Eu já tinha jogado a toalha, mas agora tenho esperança. Continua sendo difícil, mas não acabou ainda”, vibra o vendedor Ricardo Ferreira, torcedor do Bahia. “Agora, se for pra cair, que o Vitória caia também. Irmão não pode deixar o outro sozinho na segunda divisão”, diverte-se. O camelô Antônio dos Santos gostou da atuação do time no domingo e está confiante. “Nunca joguei a toalha. Eu acredito sim. O Bahia é um time de tradição”.

O rubro-negro Moacir dos Anjos também acredita na permanência do Leão. “Está mais para o Palmeiras, mas vai que dá Vitória?”, diz, com fé. “Agora, pro Bahia não tem condições, não”, alfineta na maciota. A resenha pesada só começa após o apito final de domingo, a depender do resultado. “Tô esperando. Se eles caírem...”.

A goleada sofrida contra o Flamengo foi um baque muito forte para o camelô Edson da Silva, 43 anos. “Não confio mais. Já não tenho esperança”, lamentou o rubro-negro. Chateado, não exibiu como de costume a camisa do Vitória na barraquinha de produtos eletrônicos que tem na Piedade. “Está em casa guardada. Do jeito que está, quem vai querer vestir?”.

O colega de profissão Jumirei Silva quis. “Eu tô retado é com os dirigentes, com quem dá as ordens, não com o clube. Pela estrutura que o Vitória tem, não era pra estar nessa situação”, argumenta. Vestiu a camisa, mas já jogou a toalha. “Estamos na segunda divisão já. Nem vamos ganhar do Santos”, opina, antes de se agarrar à fé. “Só se tiver um milagre do Senhor do Bonfim”. Resta aguardar pra ver qual prece o santo vai atender.