segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ganso continua devendo muito futebol ao São Paulo e a si mesmo

De Vitor Birner Em nenhuma profissão o mais talentoso vence se não se dedicar o bastante para ser mais produtivo que os concorrentes. O sujeito que nasceu com habilidade acima da média precisa de paciência, além de muito esforço e inteligência emocional para lidar bem com as situações do dia-a-dia no trabalho. A maioria das empresas não vive do potencial do funcionário. Precisa de realizações, acertos e lucro. O time de futebol grande necessita de resultados durante os 90 minutos. O potencial serve para obtê-los, certo? PH Ganso parece não compreender isso. Ou, se entende, não assimila. O São Paulo de novo ficou lento após a entrada dele no clássico diante do Santos. Perdeu dinâmica na frente, ficou menos agressivo e mais fácil de ser marcado, diminuiu a quantidade de tempo com a bola no ataque e correu mais riscos atrás. Não adianta Ganso ficar irritado, se achar injustiçado pelo treinador e nas próximas oportunidades repetir o que vem fazendo. Passou da hora de ele mudar algo na forma como pensa a profissão que escolheu. Ano passado, no 2° semestre, quando começou a fazer coisas além de tentar o passe genial que coloca o companheiro na cara do gol, foi mais útil à equipe. Ele precisa perceber algo óbvio: A assistência que vira destaque na televisão, apesar de render muitos merecidos elogios quando acontece, é uma das funções entre as várias que necessita exercer de maneira competente. Ganso deve tornar o sistema ofensivo mais dinâmico, inteligente e difícil de ser parado. Para tal, a bola tem que passar constantemente pelos pés dele. Isso só vai acontecer caso o meia se movimente muito e de forma inteligente para ficar constantemente perto dela. Só assim conseguirá melhorar a fluência de jogo do time. Se participar da parte defensiva, ajudará a recuperar a redonda e ganhará mais oportunidades de brilhar com ela. O atleta chegou num ponto da carreira em que precisa ser maduro e realista. Não adianta ouvir a opinião pública, que exalta sua habilidade rara, e tentar agradá-la. Deve se concentrar nas necessidades do São Paulo, para quem está devendo bastante futebol, sejam quais forem dentro de campo. Essa história de ficar pensando em apresentações geniais sem conseguir sequer ter uma sequência de boas, de priorizar a busca dos lances diferentes, especiais e decisivos para provar aos outros que eles têm razão e satisfazer a própria vaidade, não é nada funcional. Ao contrário: parece coisa de quem comprou o personagem criado pela opinião pública na fase em que desequilibrava os jogos graças ao talento e à competitividade. Em suma, ao invés de tentar reencontrar o futebol de 2010, Ganso deve agregar virtudes ao seu futebol. Para ele evoluir na marcação, movimentação sem a bola, ser mais guerreiro e se adaptar às necessidades coletivas bastam dedicação e leitura de jogo. A tal da leitura ele tem naturalmente. A dedicação para agregar virtudes depende do esforço que nasce no desejo de vencer na profissão de boleiro além da parte econômica. Apenas problemas de saúde, que ele diz não ter mais, e atitude profissional bem abaixo da necessária podem explicar a razão de um cara com o talento dele passar tanto tempo sem embalar uma grande fase. Em 81 jogos no clube marcou apenas 5 gols, média ridícula e abaixo da que conseguiu no Santos. Não sei o número de assistências pelo time do Morumbi, mas certamente não é alta

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