Por: Alessandro Isabel (alessandro@bocaonews.com.br)
Noite de sexta-feira (29), Lucas Oliveira da Luz, de 13 anos, estava no ponto de ônibus em frente ao Restaurante e Churrascaria Tudo no Mar, de propriedade da família, no distrito de Vila de Abrantes, em Camaçari. O estudante aguardava a condução que o levaria para Salvador, onde iria passar o final de semana com a madrinha. Mas, um assalto mudou o destino do adolescente.
Joilson de Sousa Oliveira, pai de Lucas, e Rita Oliveira da Luz, mãe do jovem, conversavam em frente ao estabelecimento e observavam o filho no ponto. Por volta das 21h30, o casal é abordado por bandidos. Um deles está armado com uma pistola 9mm. Lucas observa o assalto e se posiciona atrás do pai, de repente, um tiro é disparado. O projetil atinge o olho do estudante. Ele não resiste aos ferimentos e morre na unidade de pronto atendimento de Vilas de Abrantes.
De acordo com informações dos pais, o tiro que atingiu a cabeça de Lucas partiu da arma de um policial civil lotado na 26ª Delegacia Territorial (DT), que fica a poucos metros da churrascaria. “Ele (policial) chegou no restaurante e pediu um whisky e uma cerveja. Eu servi. Depois de alguns minutos os bandidos chegaram e anunciaram o assalto. Ele estava sozinho dentro da churrascaria e eu vi ele atirando no meu filho”, afirma Rita para a reportagem do Bocão News.
A declaração foi confirmada por Joilson. Segundo o pai, Lucas ficou assustado ao ver a arma de um dos bandidos apontada para ele e resolveu se aproximar. “Nós não reagimos. Entreguei o dinheiro para o bandido, mas quando menos esperava, o policial sacou a arma e atirou. Após o tiro ele colocou a mão na cabeça e disse em desespero que tinha acabado com a vida dele. Que tinha matado meu filho”, contou Joilson, bastante emocionado.
Depois do disparo, segundo a família, os bandidos fugiram pela porta do fundo da churrascaria. Na correria eles deixaram cair a pistola que foi apreendida por agentes do Departamento de Polícia Técnica (DPT). Nenhum dos suspeitos foi preso ou baleado. O policial, que não teve a identidade revelada, foi encaminhado por policiais para a Corregedoria da Polícia Civil, em Salvador. A pistola ponto 40 foi aprendida e ele liberado.
De acordo com o Serviço de Investigação da delegacia de Abrantes, o policial informou no depoimento que o disparo ocorreu durante uma troca de tiro com os bandidos, fato negado pela família. “Não ocorreu troca de tiros. Foi apenas um tiro e partiu do policial”, garante os pais que compareceram na manhã desta segunda-feira (1º) na delegacia para prestar detalhes cobre o crime.
“Não tenho o objetivo de prejudicar ninguém. Não tenho nada contra qualquer policial, só queremos que a justiça seja feita e que ele (policial) assuma que atirou e matou o meu filho. Não afirmo que ele teve a intenção de matar, mas afirmo que o tiro partiu da arma dele”, garantem o pai que escapou de ser alvejado.
O caso é investigado pela corregedoria da Polícia Civil. A principio o policial foi afastado das atividades. Após a divulgação do laudo da balística poderá saber se o projetil que atingiu Lucas partiu da arma do policial ou do bandido.
A morte é investigada como latrocínio, roubo seguido de morte, mas Adenilson Malheiros, advogado da família, acredita no crime de homicídio. “Já procuramos o promotor de Camaçari e vamos contatar a delegada da Delegacia de Homicídios para acompanhar o caso de perto”, garante.
O corpo de Lucas foi enterrado no cemitério de Abrantes na tarde de sábado. Mais de 200 pessoas participaram do velório. Na terça-feira (02) eles prometem um protesto e exigem punição para o culpado. “Ele era um garoto tranquilo, nos ajudava no restaurante, estava indo se divertir no fim de semana e foi morto na frente do irmão de 6 anos”, disse Rita.
Fotos Gilberto Júnior | Bocão News
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