quarta-feira, 17 de junho de 2015
"Tenho medo de morrer", diz garota atingida por pedrada ao sair de culto de candomblé
Garota afirma que após agressão irá esconder de todos sua religião com medo de novas represálias
Da Redação (redacao@correio24horas.com.br)
Menina é atingida por pedrada
ao sair de culto de candomblé
(Foto: Reprodução/Facebook)
A garota de 11 anos que ficou ferida após levar uma pedrada na cabeça enquanto deixava um culto de candomblé no Rio de Janeiro afirmou, nesta terça-feira (16), que a partir de agora quer esconder de todos sua religião. "Continuo na religião, nunca vou deixá-la. É a minha fé. Mas não saio de mais de branco. Nem no portão eu vou. Estou muito, muito assustada. Tenho medo de morrer. Muito, muito medo", contou em entrevista ao Jornal Extra.
De acordo com a avó da menina, Kátia Marinho, 53, que iniciou campanha nas redes sociais contra a intolerância religiosa e estava presente no momento da agressão, a garota tem se mantido muito reservada e nesta quarta-feira (17) iniciará um acompanhamento psicológico em uma ONG.
Ainda de acordo com ela, a neta foi criada dentro do candomblé, costumava frequentar a escola com as roupas usadas nos rituais e nunca havia sofrido preconceito. "Fico assustada com esse mundo em que estamos vivendo. É homofobia, preconceito contra negros, contra religião... Como é que a gente vai continuar vivendo assim?".
Agressão
O caso aconteceu na noite deste último (14). A polícia suspeita que os autores da pedrada foram dois homens que teriam ofendido e provocado um grupo com oito adeptos do candomblé que voltavam para a casa, acompanhando a criança.
"Quando viram várias pessoas vestidas de branco, começaram a insultar, gritando que a gente ia 'queimar no inferno' por ser 'macumbeiro'", relatou a avó da garota.
Um dos homens jogou a pedra na direção do grupo. Ela bateu em um poste e atingiu a neta de Kátia, uma menina de 11 anos. Os suspeitos fugiram em seguida ao embarcar em um ônibus.
"Ficamos todos muito nervosos. Minha neta sangrou muito, chegou a desmaiar. Não reagimos em nenhum momento, a prioridade era socorrer", comentou Kátia Marinho. A menina foi socorrida para um Posto de Assistência Médica (PAM).
(Foto: Reprodução/ Facebook)
"Ninguém estava prejudicando ninguém. Acho que, independentemente do que a pessoa pratica ou no que acredita, em qualquer religião, a prioridade é tratar o ser humano como um irmão", desabafou a avó, que iniciou campanha nas redes sociais contra a intolerância religiosa.
O crime foi registrado na segunda-feira (15), na 38ª Delegacia Policial, como intolerância religiosa e lesão corporal.
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